Notícia - Novo sistema de coleta de lixo gera polêmica entre moradores06/09/2024
Novo sistema de coleta de lixo gera polêmica entre moradores
Tire suas dúvidas e veja o cronograma de implantação do serviço.
Sistema já funciona em diversas ruas da Zona Sul e da Grande Tijuca, bem como em grandes condomínios da Barra e unidades do Minha Casa Minha Vida na Zona Oeste.
O novo modelo de coleta da Comlurb tem suscitado questionamentos dos moradores. Ainda em fase de testes em vias de grande movimento na Zona Sul e na Grande Tijuca, o sistema começou a funcionar em abril, em condomínios do Minha Casa Minha Vida na Zona Oeste e, em seguida, em condomínios de grande porte na Barra da Tijuca. O sistema proíbe o depósito de lixo nas calçadas, exigindo que os resíduos sejam depositados dentro das áreas comuns dos próprios prédios, onde os garis fazem a coleta do material.
A principal queixa é em relação aos horários de coleta, que muitos consideram inconvenientes. Além disso, há preocupação em relação ao aumento do risco de assaltos, uma vez que o lixo deve ser entregue diretamente à equipe do caminhão, o que pode expor os moradores em horários pouco seguros.
Horácio Magalhães, presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, relata que a associação de moradores já havia se reunido com a Comlurb há cerca de dois meses para discutir a nova medida e que já solicitou uma nova reunião com o órgão para o próximo dia 5, com o objetivo de discutir sobre a medida.
— Nossa principal preocupação é a diversidade de situações nos prédios. Por exemplo, alguns edifícios não têm porteiro à noite, o que pode dificultar a entrega do lixo. Também há prédios com garagens subterrâneas, onde o gari não tem acesso fácil, exigindo que o porteiro ou zelador faça a retirada do lixo, o que pode gerar custos adicionais para os condomínios — explica. — Na primeira reunião foi apresentado um mapeamento dos condomínios do bairro, revelando que cerca de 8% dos prédios não possuem porteiros durante a noite, o que gera dificuldades na implementação do novo sistema de coleta porta a porta. A Comlurb garantiu que os prédios afetados por essas situações excepcionais não serão punidos ou sancionados, reconhecendo que seria injusto exigir o cumprimento da nova logística sem as condições adequadas. A segunda reunião tem como objetivo aperfeiçoar as medidas discutidas anteriormente e buscar soluções práticas para os desafios identificados.
A Comlurb afirma que tem realizado diversas reuniões com associações de moradores e síndicos para garantir que todos estejam bem informados sobre as novas regras e procedimentos. Na última segunda-feira, a empresa realizou uma campanha de orientação em ruas de Ipanema e Leblon, que incluiu a presença de fiscais do programa Lixo Zero, a remoção de caçambas irregulares e a limpeza de calçadas.
A companhia também fez um apelo para que os moradores colaborem na limpeza das calçadas, especialmente com a remoção das folhas secas que caem nesta época do ano. Conforme a Lei Municipal nº 3.273 de 6/09/2001, a manutenção do passeio é uma responsabilidade compartilhada, e as folhas devem ser ensacadas e entregues no momento da coleta.
Jaime Miranda, presidente da Nova Tijuca Associação Empresarial e de Moradores, do Conselho Comunitário de Segurança da Grande Tijuca e síndico de um condomínio na Tijuca, expressa preocupação com as novas diretrizes. Ele relata ter solicitado uma reunião com o presidente da Comlurb para esclarecer dúvidas e procedimentos.
— Muitos síndicos estão confusos, sem saber como isso vai funcionar. Para os prédios com porteiro 24 horas, o caminhão da Comlurb passará, o porteiro abrirá o portão e eles pegarão o resíduo. Mas, no meu caso, em que o prédio só tem 34 unidades e um funcionário, é impossível. Eles querem que um morador cadastrado abra o portão para a coleta, mas isso não é viável — afirma.
Quais os objetivos da nova medida?
Tornar a coleta mais eficiente e evitar que os sacos sejam rasgados por animais e catadores e detritos se espalhem pelas vias públicas. Com isso, combate-se o mau cheiro e a proliferação de vetores e evita-se que o lixo contribua para entupir bueiros e causar alagamentos, em períodos de chuva forte. De acordo com a Comlurb, o novo sistema também torna o trabalho mais ágil, e os garis economizam até quatro horas por dia: quando o lixo fica espalhado nas ruas, a coleta demora mais tempo, e os agentes precisam limpar e levar as calçadas.
Como funciona o novo sistema?
Agora, os garis vão passar de porta em porta, e porteiros ou moradores devem fazer a entrega do lixo apenas na hora em que o caminhão estiver passando, sem depositá-lo nas calçadas. Outra opção são os próprios garis entrarem nos condomínios para fazer a coleta, após os portões serem abertos pelo porteiro ou por um morador.
Como o serviço funciona nos prédios sem porteiro 24 horas?
Nesses casos as equipes da Comlurb estão orientando os moradores a avaliarem se podem deixar o lixo num imóvel vizinho ou designar um deles para abrir o portão e acompanhar os garis. A avaliação é que esses casos são exceções e serão resolvidos de forma personalizada. De acordo com a companhia, a estimativa até agora é que 93% dos prédios onde o serviço vai funcionar têm zeladoria o dia todo.
Dias e horários de coleta terão mudanças?
A programação continua a mesma e pode ser consultada no site da Comlurb, no link comlurb.prefeitura.rio/servico/coleta-domiciliar/. A diferença é que os resíduos só podem ser entregues quando o caminhão chegar.
O serviço será implantado em todas as ruas da cidade?
A nova coleta não será adotada em vias secundárias, onde predominam casas, já que não haveria ganho em agilidade na coleta. De acordo com a Comlurb, a ideia é focar apenas em áreas residenciais de maior densidade populacional, incluindo ainda vias onde foram implantados corredores de BRS, de uso exclusivo de ônibus e táxis. Até o fim do ano, o projeto estará operando em 88 ruas e avenidas, com 1.213 edifícios atendidos.
Onde o serviço já foi implantado?
O programa começou em abril em condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida, na Zona Oeste. No mês seguinte, foi adotado nos condomínios da Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, no Cidade Jardim e no Rio 2, na Barra Olímpica.
Na Zona Sul, o novo sistema já foi implantado nos bairros Botafogo (Rua da Passagem, Voluntários da Pátria, Pasteur e Rui Barbosa), Catete (Rua do Catete, Bento Lisboa e Pedro Américo), Copacabana (Av. Atlântica Nossa Senhora de Copacabana, Barata Ribeiro, Raul Pompeia, Sá Ferreira, Souza Lima, Francisco Sá e Julio de Castilho), Cosme Velho (Rua Cosme Velho), Flamengo (Francisco Otaviano, Marques de Abrantes, Praia do Flamengo e Senador Vergueiro), Glória (Antonio Mendes Campos e Rua da Glória), Ipanema (Visconde de Pirajá), Laranjeiras (Rua Pinheiro Machado) e Leblon (Afrânio de Melo Neto e Ataulfo de Paiva).
Já na Grande Tijuca, os bairros contemplados até o momento foram Maracanã (no entorno do estádio), Tijuca (Conde de Bonfim, Doutor Satamini, Haddock Lobo, São Francisco Xavier, Barão de Mesquita, Mariz e Barros, Uruguai e Rua do Matoso) e Vila Isabel (Maxwell, Paulo e Souza, 28 de Setembro, Paul Souza, Visconde de Santa Isabel, Barão do Bom Retiro, Teodoro da Silva, Manoel de Abreu, Heitor Beltrão e Barão de São Francisco).
Quais as próximas ruas a receberem o serviço?
A previsão é que a Avenida Rainha Elizabeth e Rua Joaquim Nabuco, ambas em Copacabana, comecem a receber o serviço na quinta (29) e sexta-feira (30), respectivamente. No Méier, Engenho de Dentro, Engenho Novo, Piedade e Rocha, o novo sistema está em fase de pesquisa. A previsão é que a implantação comece na região em setembro.
As pesquisas já foram concluídas na Avenida Amaro Cavalcanti, no Engenho de Dentro; nas ruas Vinte Quatro de Maio e Barão do Bom Retiro e na Avenida Marechal Rondon, no Engenho Novo; na Rua Ana Neri, no Rocha; nas ruas Henrique Scheid, José dos Reis, Goias e Piauí, em Piedade; e nas ruas Dois de Maio, Hemengarda, Maria Antonia, Padre Roma e General Belegarde e na Avenida Amaro Cavalcanti, no Meier.
Estão em andamento pesquisas na Avenida Dom Helder Câmara e nas ruas Adolfo Bergamini, Borja Reis, Diaz da Cruz, Dois de Fevereiro, Clarimundo de Melo, Elias da Silva, Manuel Vitorino e Arquias Cordeiro, em Piedade; e nas ruas Rua Diaz da Cruz, Rua Souza Barros, Silva e Freire, Propícia, Capitão Resende, Ferreira de Andrade, Aristide Caire, Coração de Maria, Getúlio, São Gabriel, Cachambi, Marília de Dirceu, Capitão Jesus, Cirne Maia, José Bonifácio, Arquias Cordeiro e do Engenho Novo e na Praça Engenho Novo, no Méier.
Quem não seguir o novo sistema vai receber multa?
A Comlurb diz que, apesar da previsão legal para aplicação da multa em caso de oferta de resíduo com antecedência maior do que duas horas do horário da coleta, condomínios, prédios e vilas residenciais não serão multados. A empresa tem procurado orientar os responsáveis e chegar a um consenso no caso de situações pontuais. Já os classificados como grandes geradores (comerciantes que precisam contratar empresas credenciadas para coleta, remoção e transporte de seus resíduos) podem ser multados, uma vez que a regra é válida para eles também. Neste caso, de acordo com o artigo 113 da Lei de Limpeza Urbana, quem deixar o lixo na rua fora do horário de passagem do caminhão de coleta poderá receber multa com valor mínimo de R$ 459,79.
E a segurança, como fica?
A companhia considera que a nova forma de coleta não representa riscos. É até mais segura, já que o porteiro contará com o apoio de garis, não ficando sozinho como antes no momento de colocar o lixo na calçada. Além disso, como as equipes de coleta, motoristas e garis, são praticamente sempre as mesmas nos roteiros, eles acabam sendo conhecidos de porteiros, zeladores ou moradores que vão até o lado de fora depositar o lixo no modelo atual.
SIEMACO SOROCABA / SALTO - Sindicato Específico dos Empregados nas
Empresas de Limpeza Urbana, Áreas Verdes, Limpeza e Conservação
